Prezados leitores. Segue um resumo de alguns estudos clínicos sobre a transmissão do COVID-19 entre crianças e menores de 18 anos.
A relação com o coronavírus e o público infantil ainda é
bem incerta, já que as crianças e menores de 18 anos, representam apenas 2% das infecções acometidas pelo COVID-19, segundo pesquisas feitas na China, Itália e Estados Unidos.
Ainda há uma discussão se as crianças têm
menos probabilidade do que os adultos de serem infectadas e espalharem o
vírus. Alguns estudos dizem que as crianças estão em menor risco e não são
responsáveis pela maior parte da transmissão e os dados dão suporte à
abertura de escolas, como foi no caso da Alemanha, Dinamarca, Austrália e França.
Já, outros estudos são contra o retorno das aulas presenciais. Eles defendem que a incidência de infecção em crianças é menor do
que em adultos, em parte porque eles não foram tão expostos ao vírus,
especialmente com muitas escolas fechadas, e também porque as crianças
não estão sendo testadas com tanta frequência quanto os adultos, uma vez
que tendem a apresentar sintomas leves ou inexistentes.
Cientistas
chegaram a analisar em estudos, dados de duas cidades da China, Wuhan e Xangai e descobriram que as crianças eram
cerca de um terço mais suscetíveis à infecção por coronavírus do que os
adultos. Mas, quando as escolas foram abertas, descobriram também que elas tinham cerca de três vezes mais contatos que os adultos e
três vezes mais oportunidades de serem infectadas. Com base nesses
dados, os pesquisadores estimaram que o fechamento de escolas não é
suficiente por si só para interromper um surto, mas pode reduzir o
aumento em cerca de 40 a 60% e retardar o curso da epidemia.
Outro estudo feito na Holanda, realizado pelo próprio governo holandês, concluiu que
pacientes com menos de 20 anos desempenham um papel muito menor na
disseminação do que adultos e idosos.
As crianças tendem a lidar melhor
com a COVID-19 do que os adultos. Acredita-se que elas apresentam sintomas mais leves, porque que os pulmões delas podem conter menos receptores ACE-2 maduros, proteínas que o
vírus SARS-CoV-2 usa para entrar nas células. Mas para confirmar isso,
os pesquisadores precisariam estudar amostras de tecidos de crianças,
que são muito difíceis de obter.
Outros estudos sugerem que as crianças
são expostas mais rotineiramente a outros coronavírus, como aqueles que
causam o resfriado comum, que os protege de doenças graves, com uma boa resposta imune, forte o suficiente para
combater o vírus, mas não tão forte que cause grandes danos aos seus
órgãos.
O relatório recente feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). (Relatório da Missão Conjunta OMS-China sobre Doença de Coronavírus 2019 (COVID-19), fornece uma visão geral da investigação de todos os casos COVID-19 nas escolas de New South Wales (NSW) de março a meados de abril de 2020, sendo que 18 indivíduos (9 alunos e 9 funcionários) de 15 escolas foram confirmados com COVID-19; e tiveram a oportunidade de transmitir o vírus para outros em suas escolas. 735 estudantes e 128 funcionários foram os contatos próximos desses 18 casos iniciais. Nenhum professor ou membro da equipe contraiu o COVID-19 na escola. A equipe de saúde pública identificou 863 contatos nessas 15 escolas. Apenas dois estudantes foram identificados como casos secundários.O acompanhamento detalhado, incluindo testes adicionais para a presença do vírus e para anticorpo ocorreu em uma grande proporção. Essa investigação não encontrou evidências de crianças infectando professores. Um caso secundário (na criança do ensino médio) presume-se que tenha sido infectado após contato próximo com 2 casos de alunos. O outro caso secundário presume-se que tenha sido infectado por um membro da equipe (professor) que foi um caso. É notável que metade dos casos iniciais que ocorreram nas escolas estavam no quadro de funcionários. Isso é consistente com a maior taxa de COVID-19 visto em adultos do que em crianças. Isso reforça que o certo é não frequentar a escola quando estiver doente, fazer isolamento e procurar atendimento médico. As conclusões desta investigação detalhada são preliminares. No entanto, eles sugerem que a disseminação do COVID-19 nas escolas de NSW tem sido muito limitada. O que é certo, é que o fechamento prolongado da escola pode ter resultados negativos e consequências para a comunidade e para as crianças.
Globalmente, o controle do COVID-19 (causado pelo vírus SARS-CoV-2) tem sido focado em medidas de saúde pública, incluindo melhorar a higiene e garantir o distanciamento social. A estratégia de fechar escolas em todo o mundo foi previamente recomendada para controlar as pandemias de influenza porque sabemos que é provável que as crianças com gripe se espalhem e fiquem doentes. No entanto, o COVID-19 parece ser uma infecção menos comum em crianças do que a gripe e em estudos realizados no exterior, muitos dos
crianças infectadas apresentaram apenas sintomas leves. Foi sugerido
que as crianças também têm menos probabilidade de espalhar o vírus. Quanto ao potencial de transmissão de crianças para adultos, ainda não há, cientificamente, um consenso. Apenas evidências clínicas.
O certo é que todos os especialistas
concordam que os governos deveriam manter discussões
sobre como será a reabertura de escolas. De acordo com experiências de outros países que retornaram, sugere-se que:
- Os alunos podem se
programar para ir à escola em dias diferentes (rodízio de alunos) para reduzir o número de
pessoas no local ao mesmo tempo, por exemplo; mesas poderiam ser
colocadas a um metro e meio da outra, e as escolas poderiam evitar que os alunos
se reunissem em grandes grupos.
- Os professores com fatores de risco devem optar por sair
da sala de aula e receber cargos alternativos fora desse ambiente.
Fontes: The New York Times, Nature, Science,e Organização Mundial da Saúde (OMS). Relatório da Missão Conjunta OMS-China sobre Doença de Coronavírus 2019 (COVID-19). 16-24 Fevereiro de 2020. https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf