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quarta-feira, 23 de junho de 2021

Resolução CFP 013/2000 Aprova e regulamenta o uso da Hipnose como recurso auxiliar de trabalho do Psicólogo.



O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971 e;

CONSIDERANDO o valor histórico da utilização da Hipnose como técnica de recurso auxiliar no trabalho do psicólogo e;

CONSIDERANDO as possibilidades técnicas do ponto de vista terapêutico como recurso coadjuvante e;

CONSIDERANDO o avanço da Hipnose, a exemplo da Escola Ericksoniana no campo psicológico, de aplicação prática e de valor científico e;

CONSIDERANDO que a Hipnose é reconhecida na área de saúde, como um recurso técnico capaz de contribuir nas resoluções de problemas físicos e psicológicos e;

CONSIDERANDO ser a Hipnose reconhecida pela Comunidade Científica Internacional e Nacional como campo de formação e prática de psicólogos,

RESOLVE:

Art. 1º - O uso da Hipnose inclui-se como recurso auxiliar de trabalho do psicólogo, quando se fizer necessário, dentro dos padrões éticos, garantidos a segurança e o bem estar da pessoa atendida;

Art. 2º - O psicólogo poderá recorrer a Hipnose, dentro do seu campo de atuação, desde que possa comprovar capacitação adequada, de acordo com o disposto na alínea "a" do artigo 1º do Código de Ética Profissional do Psicólogo.

Art. 3º -  É vedado ao psicólogo a utilização da Hipnose como instrumento de mera demonstração fútil ou de caráter sensacionalista ou que crie situações constrangedoras às pessoas que estão se submetendo ao processo hipnótico.

Art. 4° - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 5° - Revogam-se as disposições em contrário.


Hipnose como Recurso na Terapia Cognitivo-Comportamental



A Terapia Cognitivo-Comportamental é um tipo de psicoterapia que se preocupa com o aqui e o agora.

Apesar de reconhecer que coisas que aconteceram no passado fazem parte da maneira em que a pessoa pensa, sente e se comporta, foca-se mais nesses pensamentos e comportamentos atuais.

Faz-se uma análise do passado para compreender esses padrões. Estes podem ter sido aprendidos na infância, ou foram crenças errôneas que, hoje, influenciam em determinado comportamento.

Portanto, a Terapia Cognitivo-Comportamental quer identificar e corrigir essas formas inadequadas de pensar. Pretende criar melhores emoções e jeitos mais eficazes de se lidar com os problemas e as angústias do agora e do futuro.

As emoções e os comportamentos vem da percepção individual dos eventos. Não da situação em si, mas da interpretação dela.
Existem 3 características dessa terapia que fundamentam a maneira como funciona. São elas:

O pensamento (ou cognição) influencia a emoção. E assim, o comportamento;O pensamento pode ser monitorado e modificado;Ao alterar o pensamento, pode-se, também, alterar o comportamento para algo mais desejável.

Logo, são os pensamentos que levam à emoção, e, consequentemente, ao comportamento. E podem ser tão rápidos a ponto do nosso humor mudar e não sabermos o porquê.

A hipnose não é um tipo de terapia. Mas ela é uma técnica que, aliada a diferentes tipos de terapia. 

Em especial à TCC, uma vez que a hipnose atua em níveis cognitivos mais profundos — no subconsciente.

É usada de forma complementar com a análise comportamental de muitos comportamentos relacionados à cognição: para o controle da dor, tratamento de transtornos, mudança de hábitos, ou para melhorar o funcionamento psicológico (como autoconfiança), no geral.

Usando a hipnose, o terapeuta consegue, em apenas uma sessão, fazer com que seu paciente consiga vencer uma fobias, traumas, etc. 

O uso da hipnose, aliada à Terapia Cognitivo-Comportamental, reduz o tempo de terapia e aumenta o efeito do tratamento de transtornos mentais.

Ela acessa os pensamentos, as crenças e as lembranças que deram origem a esses transtornos e permite que o paciente reestruture essas ideias e resolva-as mais rápido, justamente por atuar em um nível mais profundo

O nível mais profundo é resultado de estados de transe natural que desbloqueiam pensamentos inconscientes. Assim como permite que o indivíduo acesse memórias internas.

A hipnoterapia cognitiva dá à pessoa uma percepção diferente de sua realidade. Não há estresse, causa bem estar físico, facilita o acesso a processos internos e a modificação desses.

A utilização da hipnose é aprovada e regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia como recurso auxiliar no trabalho do psicólogo (CFP 013/2000).

Fonte:
Caballo, Vicente. Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento. São Paulo: Santos, 2011




domingo, 28 de março de 2021

Um Ano de Pandemia da Covid-19: Os Impactos na Saúde Mental das Crianças e Adolescentes

 

Caracterizar o Covid-19 como uma pandemia não é uma indicação de que o vírus se tornou mais mortal. É sim um reconhecimento da propagação geográfica da doença.

O “novo normal” – termo que popularizou e que retrata as medidas de afastamento e distanciamento sociais, uso de máscaras, álcool em gel e sanitização de alimentos devido aos impactos do coronavírus, ou seja, medidas de um novo padrão que podem garantir a sobrevivência humana nos força a conviver em um ambiente hostil e incerto que o vírus trouxe, ao mesmo tempo em que nos testa a resiliência, a abertura a mudanças, o autoconhecimento e a colaboração.

Pelo menos 1 em cada 7 crianças teve sua saúde mental afetada pelo confinamento, com sintomas como ansiedade, depressão e isolamento, informa o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). 

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), agência da ONU responsável por acompanhar e apoiar a educação, comunicação e cultura no mundo, a pandemia da COVID-19 já impactou os estudos de mais de 1,5 bilhão de estudantes em 188 países – o que representa cerca de 91% do total de estudantes no planeta.

Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostram que, no mundo, a depressão entre crianças na faixa dos seis aos 12 anos saltou de 4,5% para 8% na última década. O crescimento alarmante leva à outra consequência: o aumento dos suicídios. Informações da Secretaria de Gestão de Trabalho e de Educação na Saúde do Ministério da Saúde revelam que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens brasileiros de 15 a 24 anos de idade. O período da pandemia alterou significativamente a rotina das crianças e adolescentes, fator que coloca a saúde mental em risco. O tempo de tela aumentou, a rotina do sono e da alimentação foi prejudicada, a prática de exercícios e atividades fora de casa foi limitada e o conflito familiar cresceu. Tudo isso gera trauma e, no pós-covid, pode ser um fator de risco importante para a piora da saúde mental. 

O distanciamento social e as alterações da psicologia infantil marcadas por estresse psicológico, ansiedade, medo, preocupação têm acentuado ou feito surgir adversidades funcionais ou comportamentais nas crianças, como mostra os dados do Comitê Científico Núcleo Ciência pela Infância: 36% de dependência excessiva dos pais; 32% de desatenção; 29% de preocupação; 21% de problemas no sono; 18% de falta de apetite; 14% de pesadelos; e 13% de desconforto e agitação.

Ainda de acordo com os documentos da OMS, a busca por atendimento especializado em saúde/saúde mental deve ocorrer em situações nas quais o sofrimento seja muito intenso e persistente, associado a pensamentos ou conduta suicida, sintomas psicóticos ou abuso recorrente de substâncias. Se por um lado é informado que os transtornos psiquiátricos imediatos mais comuns são a depressão e as reações de estresse agudo transitórias, e as mais tardias podem incluir, além da depressão e do uso prejudicial de substâncias, o transtorno do estresse pós-traumático, os transtornos de adaptação e quadros psicossomáticos; por outro lado, há a preocupação com a medicalização do mal-estar e do cuidado. Aqui habitamos a zona cinzenta situada entre a normalidade e a patologia, entre o sofrimento individual e o social.

As crianças com deficiência, especificamente, estão expostas a um maior risco de contaminação pelo vírus por diferentes motivos, como por exemplo: - dificuldades de implementar medidas básicas de higiene, como a lavagem das mãos (pias e lavatórios podem ser inacessíveis);- impossibilidade de manter o distanciamento social, dada a necessidade de apoio contínuo para atividades da vida diária;- possíveis condições de saúde preexistentes relacionadas à função respiratória, ao sistema imunológico, ao coração, dentre outras;- uso de tecnologias assistivas, como cadeiras de rodas, bengalas e outras, somado à assistência de terceiros para direcionamento e transferências, por exemplo, aumentando a exposição ao risco de contágio;- barreiras no acesso à informação sobre medidas de prevenção e de enfrentamento (ausência de recursos de audiodescrição, libras, legendas, linguagem simples, meios e formatos pouco acessíveis nos materiais de divulgação).

Dentre as reações emocionais e alterações comportamentais frequentemente apresentadas pelas crianças durante a pandemia, destacam-se: dificuldades de concentração, irritabilidade, medo, inquietação, tédio, sensação de solidão, alterações no padrão de sono e alimentação. 

Destaca-se também que nesse momento, o uso das telas (TV, smartfones, tablets, computadores) tem sido um aliado importante na manutenção dos laços sociais e afetivos das crianças. Embora o tempo diante de telas precise ser observado, e seja necessário garantir a adequação e a qualidade do conteúdo, há de se ter mais flexibilidade em seu uso. A Sociedade Brasileira de Pediatria que  oferece parâmetros para o uso de telas fora das situações de crise, indica que o tempo diário seja adequado à idade da criança, devendo-se desencorajar a exposição passiva. Tais recomendações não se aplicam aos casos de crianças não-verbais, que fazem uso da tecnologia como recurso de comunicação suplementar aumentativa. Nestes casos, o livre acesso deve lhes ser garantido, cuidando para que possam brincar também com menor necessidade das telas. 

Estima-se que a idade da criança também interfere na forma como ela reage à pandemia. As crianças menores, por serem mais dependentes dos pais, vão lidar com a pandemia muito em função de como os pais estão lidando e como o ambiente está organizado. As crianças maiores sentem falta dos amigos. Elas já têm capacidade maior de compreensão de uma forma autônoma, muitas vezes não completamente adequada, ou de uma forma não completamente realista, e podem interpretar de forma mais catastrófica algumas situações. 

Uma vez que o fechamento das escolas é um desafio para as famílias encontrarem uma forma de conseguir lidar com a disponibilidade e/ou condição adequada para garantir o estudo das crianças, constata-se um risco maior de prejuízo à formação educacional infantil. Além disso, faz-se essencial ressaltar que, na primeira infância, não é recomendado o ensino a distância, por questões de saúde e pedagógicas e de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso de telas não é recomendado para menores de dois anos e para as crianças com idade entre 2 e 5 anos é indicado o máximo uma hora por dia. Outrossim, a aplicação do ensino à distância para criança contraria a Base Nacional Comum Curricular, visto que a mesma reforça a ideia de que a criança aprende por meio de experiências lúdicas, concretas e interativas, e virtualmente isso não é possível. 

Acredita-se que a retomada das aulas presenciais ou híbridas pode ser benefica para a saúde mental e desenvolvimento infantil, desde que garantidas as medidas de segurança aos alunos e profissionais da educação. Cada família deve avaliar essa possibilidade.


Ainda pode-se levar em consideração que nem todas as crianças terão acesso a esse tipo de ensino uma vez que de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) (2017) apenas 31% dos estudantes do ensino fundamental da rede pública têm acesso a computador/tablet e acesso com banda larga. Posto isto, crianças que vivem numa família em situação de pobreza além de sofrerem com as faltas de recursos adequadas ainda passam pelas aflições comuns de toda a sociedade.


Nesse sentido, conforme estudo de pesquisadores ingleses, a comunicação efetiva dos pais e dos cuidadores com as crianças baseada na idade e na capacidade de compreensão particular do infante mostra evidências positivas. Nesses âmbitos, estudos apontam a importância para a saúde e o bem-estar da criança proporcionados por diálogos que buscam escutar e entender os sentimentos e a percepção infantil da doença COVID-19 acerca de assuntos como transmissão do vírus. Uma vez que principalmente as crianças pré-escolares apresentam um conhecimento mais fantasiado, uma interpretação pessoal infantil pode repercutir com uma manifestação de estresse emocional marcado pelo medo desnecessário.


Por um longo tempo é possível que os efeitos gerados da pandemia persistirão no Brasil e serão refletidos no quantitativo e no qualitativo, da saúde, do desemprego, no desenvolvimento infantil, em especial em relação a parte da população menos favorecida.

REFERENCIAS:

https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/os-impactos-psicologicos-do-ensino-a-distancia/

https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/crianc%cc%a7as_pandemia.pdf

https://www.scielosp.org/article/physis/2020.v30n2/e300214/

https://residenciapediatrica.com.br/detalhes/643/as%20implicacoes%20da%20pandemia%20da%20covid-19%20na%20saude%20mental%20e%20no%20comportamento%20das%20criancas

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Christmas Blues: as crises, ansiedades e depressões em épocas de final de ano

         O Natal é um período considerado de alegria e esperanças. Normalmente é assim, mas para muitas pessoas pode ser uma época muito triste acompanhada por sentimentos de solidão, desamparo e desânimo. 

       Essa condição é chamada Depressão de Natal ou "Christmas Blues". A expressão inglesa “Christmas Blues” refere-se a uma tristeza natalícia. Pode ser desencadeado perante determinados contextos de vida e memórias negativas associadas ao Natal.

        Este é um período que simboliza encerramento, conclusão e como todo fim, gera tristezas e ansiedades. Existe uma mistura de sentimentos como melancolia com frustração, pela revisão dos eventos vividos durante o  ano que está acabando e as expectativas do que virá no próximo ano.

         O mês de Dezembro pode funcionar como gatilho para pessoas depressivas e ansiosas, tanto em evidenciar a doença para quem tem predisposição como ampliar quadros já identificados. 

         Natal e réveillon retratam a imagem de que ser feliz é uma obrigação. Família e amigos reunidos, presentes, decoração de Natal e muitas fotos. Configura-se, então, o compromisso de se estar feliz, pleno. Aqueles que não tem esse cenário em família no fim de ano, o sentimento pode ser de melancolia, tristeza e solidão.

       A saudade de um ente querido e as lembranças da infância também podem ser desencadeadoras de crises natalinas. Para lidar com os acontecimentos, deve-se diminuir as expectativas e transformar  o natal e réveillon em duas noites "normais", estar em companhia de algum amigo ou familiar e não fazer grandes projetos (expectativas irrealizáveis) para iniciar em janeiro do próximo ano e sim, planejar metas de futuro realísticos e concretos com listas de prioridades. 

         É importante se permitir estar triste ou saudoso. Esses são sentimentos normais particularmente dessa época. E se esses sentimentos forem muito intensos ou persistirem após as épocas de festas, não hesite em procurar ajuda, entrar em contato com um Psicologo, que vai poder avaliar o caso, tratar e se for necessário, também encaminhar para o tratamento multiprofissional da psiquiatria. 

sábado, 8 de junho de 2019

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Quando Devo Procurar um Psicologo?


No contexto aplicado da Psicologia, uma das funções do psicólogo é auxiliar na instalação de um repertório comportamental adaptado ao paciente. 
O psicólogo é o profissional que conhece ferramentas científicas que podem auxiliar na manutenção do bem-estar e equilíbrio emocional  do paciente.
Embora, o diálogo seja o princípio do trabalho do psicólogo clínico, o profissional não é, necessariamente, alguém para quem se desabafe.
setting terapêutico é contexto para fornecimento de informação, de um lado e de outro. E para uma relação humana pautada num objetivo claro a melhora do estado do paciente.
Dessa forma, paciente informa sobre a vida dele e psicólogo informa sobre técnicas e recursos que podem ser utilizados ao longo do processo terapêutico.
O Brasil é considerado o País mais ansioso e estressado da América Latina, conforme a OMS. Transtornos de Ansiedade e de Depressão lideram essas estatísticas.Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde, 23 milhões de brasileiros apresentam sintomas de transtornos mentais. Ou seja, 12% da população do país.
No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas, enquanto distúrbios relacionados à ansiedade afetam 18,6 milhões de brasileiros.
Procurar um psicólogo, é uma decisão que pode ajudá-lo, não só a lidar melhor com situações cotidianas, como também, preparar o ambiente para situações mais sérias que venham a acontecer.
Todos nós temos angústias e problemas. E, por isso, analisá-las e perceber que podem ser resolvidas de forma tranquila é um passo para o crescimento pessoal.
A intensidade da vivência das situações pode ser um bom indicativo para saber se precisamos ou não ir a um terapeuta. Duas pessoas podem passar pela mesma situação, mas não necessariamente ter a mesma resistência ou tolerância a viver esse fato, sendo já um bom critério para a busca ou não por terapia. E mais ainda: aquilo que é um sintoma emocional, se repetido e constante, pode dar a crescer um sintoma físico, que muitas vezes, só será compreendido no processo psicoterapêutico.
A terapia funciona bem quando há um bom vínculo entre psicólogo e paciente/cliente, ou seja, quando há uma fluidez nas informações, quando o cliente se sente confortável para expressar suas ideias, pode encontrar um espaço para elaborar seus pensamentos e reposicionar-se frente às suas dificuldades.

É muito válido pensarmos que os sofrimentos humanos se expressam de diferentes formas e com diferentes reações. Com isso, cada um de nós passa por eles também sua forma particular.

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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Avaliação Neuropsicológica Infantil. Quando devemos procurar um Psicólogo?


O comportamento anormal ou patológico pode ter origem na própria criança (fator biológico) ou no ambiente (fator social), bem como da interação desses dois fatores. Para caracterizá-lo, devem ser considerados os seguintes fatores, entre outros:

·        Idade;
·        Constituição física;
·        Desenvolvimento (período em que a criança se encontra);
·        Ambiente cultural;
·        Conduta e personalidade dos pais e irmãos;
·        Tensões e traumas da vida cotidiana, aos qual a criança fica exposta;
·        Meios de adaptação a essas pressões;
·        Processos envolvidos na maturação da personalidade infantil.

Quando se detecta alguma anormalidade após a verificação de todos esses fatores, é necessário, ainda, que ele faça uma análise a respeito da permanência das características apresentadas. A criança pode estar vivendo uma fase difícil, que será provisória ou não, dependendo de suas condições em superá-la.



Quadro de comportamentos para recém-nascidos até 6 meses de vida
Atitude adequada
Problemática
Tendendo ao anormal
Ajustamento fisiológico à vida extra-uterina.
Aceitação dos mecanismos de comer, dormir, etc.
Domínio sobre os reflexos.
Relação simbiótica com a mãe.
Atividade de sucção.
Chora quando desconfortável.
Reage a estímulos: boca, pele, som e luz.
Fisiologicamente instável.
Egoísmo acentuado.
Dependência total.
Não demonstra raciocínio.
Aprende a “aguardar” as atitudes dos adultos.
Demonstra afeto pelas pessoas que “cuidam” dele.
Dificuldades na alimentação e complicação digestiva: vômitos, cólicas, disenteria etc.
Dificuldades no sono. Excesso de sucção. Excesso de atividade motora (agitação).
Choro em excesso.
Irritabilidade demasiada.
Difícil de acalmar.

Apatia e depressão. Indiferença.
Choro contínuo e monótono.
Gritos sem motivo aparente.
Não reage aos estímulos.
Não suga.
Não percorre as etapas normais de desenvolvimento.

Quadro de comportamentos para crianças de 6 meses a 18 meses
Atitude adequada
Problemática
Tendendo ao anormal
Fisiologicamente mais estável.
Maior atividade motora e exploradora do ambiente.
Maior paciência e tolerância.
Melhor controle dos instintos.
“Distingue” os estranhos.
Muito ligado ainda à mãe.
Aumento no número de palavras utilizadas.
Conduta mais sociável.
Alegre e brincalhona.
Crises de raiva e negativismo.
“Manias” pessoais.
Capacidade de memória e antecipação.
Início da imitação.
Excesso de choro, irritabilidade e raiva.
Pouca tolerância. Excesso de negativismo.
Dificuldades na alimentação e sono.
Dificuldades no controle das evacuações.
Padrões motores evidentes: chupar o dedo, balançar-se etc.
Desenvolvimento retardado em algumas etapas.

Crises temperamentais muito freqüentes.
Convulsões repetidas.
Apatia, imobilidade e isolamento.
Excesso e caráter obsessivo em padrões motores: chupar o dedo, balançar-se, mover a cabeça de lado a lado ou contra o berço etc.
Falta de interesse pelo ambiente, por objetos ou por brincar.
Falta de apetite acentuado. Falta de emotividade.
Não demonstra ligação com a mãe.
Desenvolvimento estacionário.

Quadro de comportamentos de crianças até 5 anos
Atitude adequada
Problemática
Tendendo ao anormal
Satisfação com os exercícios de habilidades neuromotoras (pular, comer, recortar etc.).
Investigação, imitação e uso da imaginação.
Atos moderados pelo raciocínio.
Boa memória.
Autonomia nas funções corporais (comer, controle dos esfíncteres).
Dependência materna e medo de separação.
Identificação no comportamento com os pais, irmãos e amigos.
Aprende a falar para se comunicar.
Sentimentos intensos emocionais (vergonha, culpa, alegria, amor e desejo de agradar).
Padrões interiorizados do bom e mau.
Começa a testar a realidade.
Perguntas sobre o nascimento e morte.
Má coordenação motora.
Dificuldades persistentes na fala (gagueira, perda de palavras).
Timidez com pessoas e experiências.
Medos e terror noturno.
Dificuldades no comer, dormir, eliminação, higiene corporal, desmame etc.
Irritabilidade, choro e crises temperamentais.
Infantilização.
Impossibilidade de deixar a mãe sem sentir pânico.
Medo de estranhos.
Crises de perda de fôlego.
Falta de interesse na companhia de outras crianças.

Extrema agitação ou, então, passividade.
Letargia (torpor ou sonolência).
Fala pouco ou nada; não é comunicativa.
Não reage às pessoas, não se relaciona com elas.
Doenças somáticas: vômitos, diarréias, prisão de ventre, erupções, tiques.
Introversão profunda.
Enurese excessiva.
Não controla as fezes.
Medo excessivo de tudo.
Infantilidade grave.
Ausência ou excesso de atividade auto-erótica (masturbação).
Comportamentos obsessivo-compulsivos como rituais.
Comportamentos destrutivo-compulsivo como queimar, rasgar e destruir.




Quadro de comportamentos de crianças de 5 a 12 anos
Atitude adequada
Problemática
Tendendo a anormal
Saúde física boa, aguda percepção sensorial.
Orgulho e confiança em si mesma; menor dependência dos pais.
Melhor controle dos impulsos.
Ambivalência em relação à dependência, separação e novas experiências.
Aceita a função do próprio sexo.
Tem consciência do mundo natural como vida, morte, nascimento.
Aprecia a interação com colegas.
Respeita as leis sociais.
Pensamento operacional concreto.
Responde ao aprendizado.
Fala como instrumento de raciocínio e expressão.
Pensamentos ainda egocêntricos.
Ansiedade.
Falta de concentração, dificuldade no aprendizado, falta de motivação no estudo.
Delinqüência, ostentação, mentira, furto, explosões temperamentais, conduta anti-social.
Comportamento regressivo, enurese, evacuações, choros, medos.
Aparecimentos de rituais e tiques.
Dificuldades na alimentação, sono, dores, erupções, mal-estar indefinido.
Retraimento excessivo; apatia, depressão, tristeza, tendências à auto-eliminação.
Incapacidade completa no aprendizado.
Dificuldade na fala, gagueira.
Conduta anti-social excessiva (agressividade, mentira, destruição, roubo, crueldade com animais).
Comportamentos obsessivo-compulsivos como rituais, fobias, fantasias.
Incapacidade de distinguir a realidade da fantasia.
Exibicionismo sexual excessivo.
Incapacidade de desenvolvimento, falta de apetite, obesidade, hipocondria.
Completa ausência de relacionamento interpessoal.
MARCELLI, D. Manual de Psicopatologia da Infância de Ajuriaguerra. Porto Alegre: Artmed, 1998.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

DEPRESSÃO É DOENÇA, NÃO FALTA DE CARÁTER. AJUDE QUEM TEM

A prevalência na população é de 15% e em mulheres.

A depressão é um transtorno de humor em que os pacientes são afligidos apenas por episódios depressivos. A prevalência na população é de 15% e em mulheres pode chegar até 25% por várias razões: os fatores comuns a população acrescentado a variados estresses, alterações hormonais em épocas marcantes da vida como gravidez, pós-parto e menopausa.

 

Os fatores desencadeantes da depressão podem ser biológicos, genéticos e/ou psicossociais. A interação entre os três fatores dificulta a determinação de uma causa específica da depressão, pois uma ocorrência numa área pode afetar as demais. É uma doença muito complexa e difícil de ser diagnosticada, pois seus principais sintomas podem ser confundidos com tristeza, apatia, preguiça, irresponsabilidade e em casos crônicos como fraqueza ou falha de caráter.

 

A causa mais provável da depressão é o desequilíbrio bioquímico dos neurônios responsáveis pelo controle do estado de humor. Os eventos estressantes podem desencadear a depressão nas pessoas predispostas e entre eles destacam-se: perda de pessoa querida, de emprego, mudança de habitação contra vontade, doença grave, separação conjugal, perda de status financeiro, de papéis sociais, aposentadoria entre outros.

 

Para que o diagnóstico seja preciso é necessária a presença de um grupo de sintomas por um determinado tempo. Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde a sensação de tristeza, pensamentos negativos até sensações corporais. Os sintomas corporais mais comuns são: batimentos cardíacos acelerados, constipação intestinal, dores de cabeça, dificuldades digestivas, boca ressecada, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais.

 

Os sintomas emocionais mais comuns são: pessimismo, dificuldade de tomar decisões, dificuldade para começar e terminar tarefas, irritabilidade, impaciência ou inquietação, achar que não vale a pena viver ou desejo de morrer, chorar à-toa ou dificuldade para chorar, sensação de que nunca vai melhorar, sentimento de pena de si mesmo, de culpa injustificável, perda do desejo sexual, de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, sentimento de pesar ou fracasso.

 

Ressalta-se nesse contexto a prevenção e o diagnóstico precoce da depressão como fatores importantes para evitar os danos dela decorrentes, principalmente, o suicídio. O preconceito em relação aos transtornos mentais é uma realidade na nossa sociedade, o individualismo e a falta de comunicação dentro da própria família também dificultam a percepção do problema, levando a pessoa que sofre de depressão ao isolamento e a solidão criando as condições que culminam para a consumação do ato suicida.

 

O tratamento depende de vários fatores: em que grau se encontra a doença, se o cliente é cooperativo, que alternativas paralelas podem ser agregadas para acelerar o processo de cura. O tratamento inclui consulta a um psiquiatra que faz a avaliação da necessidade do uso de remédios antidepressivos, que regulam a química cerebral.

 

A psicoterapia é importante porque dará a pessoa um tempo e um espaço para falar de suas angústias, de seus medos e com o apoio do psicólogo, olhar para suas dificuldades por um novo ângulo. A força de vontade, o desejo de alcançar objetivos, o auxílio da família e dos amigos é imprescindível para recuperação do equilíbrio e do bom humor. Quanto mais amparada a pessoa estiver, mais rápido ficará bem.

 

A prática de atividades físicas traz inúmeros benefícios e funciona como auxiliar no tratamento, bem como fator preventivo, pois reduz a ansiedade, o estresse, aumenta a auto-estima e melhora o sono. Qualquer que seja o tipo de atividade física escolhida, é válida para melhorar o quadro depressivo, desde que não existam outros comprometimentos que impeçam a prática decorrente de condições de saúde limitantes.

www.cuidarte.com.br

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Lista de Verificação das Distorções Cognitivas

Distorções cognitivas ão formas de pensar distorcidas da realidade, padronizadas pelos eventos da vida e que geram grande sofrimento para si próprio ou para os outros com quem convive.
São expressas em pensamentos automáticos disfuncionais, sendo um processamento de informações emocionais equivocado onde, nossos esquemas mal adaptativos distorcem a realidade para que esta se torne condizente com nossas crenças centrais de desamparo, desamor e desvalorização.
Uma psicoterapia bem conduzida, vai orientar o paciente a identificar as suas crenças centrais irracionais e, consequentemente suas distorções cognitivas. O próximo processo, é a reestruturação cognitiva, para gerar respostas mais adaptativas. 

ERROS  DE  PENSAMENTOS  MAIS  COMUNS/ ARMADILHAS COGNITIVAS DESENCADEADAS POR ERROS DE PENSAMENTO:
1-      Leitura mental: Você imagina que sabe o que as pessoas pensam sem ter evidências suficientes. A pessoa acha que sabe o que os outros estão pensando e não considera outras possibilidades mais prováveis. Por exemplo: “Ele acha que sou um fracasso”. “Ele está pensando que eu não sei nada sobre esse projeto.”  “Ele pensa que sou uma idiota.”  É possível perceber essa distorção cognitiva quando apresenta-se um trabalho acadêmico em público, pois normalmente a pessoa estará fazendo a seguinte leitura mental: “Ele está me olhando assim pois deve estar pensando que estou falando abobrinhas.”
2-      Adivinhação do futuro: Você prevê o futuro – que as coisas vão piorar ou que há perigos pela frente. Você acredita que o que aconteceu ou vai acontecer é tão terrível e insustentável que não será capaz de suportar. A pessoa prevê o futuro negativamente sem considerar outros resultados mais prováveis .Por exemplo: “Seria horrível se eu fracassasse” , “Vou ser reprovado no exame” ou “Não conseguirei o emprego”
3-      Catastrofização: É quando nós aumentamos a gravidade das coisas, transformando uma dificuldade em uma impossibilidade, e uma situação difícil em uma catástrofe. Meu filho ainda não chegou, deve ter acontecido algo ruim.  Esperarei mais um pouco, pois não conseguirei dormir mesmo”, ou “Meu namorado não atende o celular, deve estar com outra. Tudo está bem entre nós, mas sei que logo começará a  me desapontar, pois  não chegou ainda”.
4-       Rotulação : Você atribui traços negativos a si mesmo e aos outros. Quando a pessoa habitua-se a colocar um rótulo global e fixo sobre si mesmo ou sobre os outros sem considerar as ocorrências. Por exemplo: “Sou indesejável” ou “Ele é uma pessoa imprestável” ou “Eu sou idiota mesmo!” ou  “Quão burra eu sou! ou” “Ele é um simplório!” ou “Os homens são todos iguais!”  Esses rótulos são simplesmente abstrações que levam à raiva, ansiedade, frustração e baixo amor próprio.
5-      Desqualificação dos aspectos positivos: Você afirma que as realizações positivas, suas ou alheias, são triviais.”.  A pessoa diz para si mesmo que experiências, atos ou qualidades positivos não contam.       Por exemplo: “É isso que se espera das esposas – de modo que não conta quando ela é legal comigo” ou “ Esses sucessos são fáceis, de modo que não importam” “Eu fiz bem aquele projeto, mas isso não significa que eu seja competente; eu apenas tive sorte.” A pessoa rejeita experiências positivas insistindo que elas não contam.  Desqualificar o positivo tira a alegria da vida e faz a pessoa se sentir inadequada e não recompensada. Este é o preço que a pessoa paga  por não qualificar as coisas que acontecem em seu cotidiano.
6-       Filtro negativo : Você foca quase exclusivamente os aspectos negativos e raramente nota os positivos. Por exemplo: “Veja todas as pessoas que não gostam de mim”.
7-      Supergeneralização: Você percebe um padrão global de aspectos negativos com base em um único incidente. A pessoa tira uma conclusão negativa radical que vai muito além da situação atual. Exemplo: “Nessa escola não tenho amigos, assim como era no colégio anterior.” A pessoa vê um episódio negativo como uma rejeição amorosa e estabelece um padrão de pensamento para situações similares. Outros exemplos comuns: “Todos os meus namorados irão me trair.”, “Isso geralmente me acontece. Parece que eu fracasso em muitas coisas”.
8-      Pensamento dicotômico: Pensamento preto-e-branco, polarizado e tudo ou nada, é 8 ou 80: A pessoa vê uma situação em apenas duas categorias em vez de em várias alternativas. Exemplo: “Se eu não for um sucesso total, eu serei um fracasso.” A pessoa perfeccionista normalmente faz uso constante desse erro de pensamento e isso faz com que se sinta inadequado e desvalorizado quando o sucesso esperado não vem. Pensamentos dicotômicos tendem a contribuir para episódios depressivos e separações conjugaisPor exemplo: “Sou rejeitado por todos” ou “Tudo isso foi perda de tempo”.
9-      Afirmações do tipo “deveria”: Você interpreta os eventos em termos de como as coisas devem ser, em vez de simplesmente concentrar-se no que elas são. Ditadura dos deverias: É muito comum em personalidades do tipo Obsessivo-Compulsiva, pois emprega constantemente os termos: “eu deveria”, “eu tenho que”. Pessoas com características perfeccionistas utilizam esse erro de pensamento diariamente gerando ansiedade constante. A pessoa também cria expectativas exageradas em relação ao comportamento dos outros, gerando afetos negativos quando estas não são preenchidas, bem como, adoecimento psicológico do tipo: estresse, ansiedade generalizada, depressão. E, também, acontecimentos indesejáveis como separação conjugal são pertinentes a esse tipo de distorção cognitiva. Bem como, conflitos entre pais e filhos, educadores e educandos, gerências e subordinados, entre outras relações interpessoais. Por exemplo: “Eu deveria me sair bem. Caso contrário, serei um fracasso”.
10-  Personalização: Você atribui a si mesmo culpa desproporcional por eventos negativos e não consegue ver que certos eventos também são provocados pelos outros, quando a pessoa guarda para si mesmo a inteira responsabilidade sobre um evento que não está sob seu controle. Por exemplo: “Eu não cuidei bem do meu filho, por isso ele está internado no hospital”. “Meu namorado me traiu porque eu estava estressada.” “Meu casamento terminou porque falhei”.
11-  Atribuição de culpa: Você se concentra na outra pessoa como fonte de sentimentos negativos e se recusa a assumir a responsabilidade da mudança. Por exemplo: “Estou me sentindo assim agora por culpa dela” ou “Meus pais são a causa de todos os meus problemas”.
12-  Comparações injustas: Você interpreta os eventos em termos de padrões irrealistas, comparando-se com pessoas que se saem melhor do que você e concluindo, então, que é inferior a elas. Por exemplo: “Ela é mais bem-sucedida do que eu” ou “Os outros se saíram melhor do que eu no teste”.
13-  Orientação para o remorso: Você fica preso à ideia de que poderia ter se saído melhor no passado, em vez de pensar no que pode fazer melhor agora. Por exemplo: “Eu poderia ter conseguido um emprego melhor  se tivesse tentado” ou “Eu não deveria ter dito isso”.
14-  E se…? Você faz uma série de perguntas do tipo “e se…” alguma coisa acontecer, e nunca fica satisfeito com as respostas. Por exemplo: “Sim, mas e  se eu não conseguir respirar? “E se eu perder o emprego”?. Essa distorção gera muita ansiedade.
15-  Raciocínio emocional: Você deixa os sentimentos guiarem sua interpretação da realidade. : A pessoa  pensa que algo deve ser verdade porque  “sente” (em realidade, acredita) isso da maneira tão convincente que acaba por ignorar ou desconsiderar fatos e evidências. Exemplo: “ Eu sei que eu faço muitas coisas certas no trabalho, mas eu ainda me sinto como se eu fosse um fracasso.”
Por exemplo: “Sinto-me deprimida; consequentemente, meu casamento não está dando certo”.

16-  Incapacidade refutar: Você rejeita qualquer evidência ou argumento que possa contradizer os pensamentos negativos. Por exemplo, quando você pensa “Não sou digna de amor”, rejeita como irrelevante qualquer evidência de que as pessoas gostem de você. Consequentemente, o pensamento não é refutado. Outro exemplo: “Esse não é o problema real. Há problemas mais profundos, Existem outros fatores.
19-  Foco no julgamento: Você avalia a si próprio, os outros e os eventos em termos de preto-e-branco (bom-mau ou superior-inferior), em vez de simplesmente descrever, aceitar ou compreender. Está continuamente se avaliando e avaliando os outros segundo padrões arbitrários e concluindo que você e os outros deixam a desejar. Você se concentra nos julgamentos dos outros e de si mesmo. Por exemplo: “Não tive um bom desempenho na faculdade” ou “Se eu for aprender tênis, vou me sair mal” ou “Veja como ela faz sucesso. Eu não consigo.”
Fonte: LEAHY, R. L. Técnicas de terapia cognitiva: manual do terapeuta Porto Alegre: Artmed, 2006. 336p.





O Que São os Comportamentos Disfuncionais?

Na teoria do psicólogo americano Jeffrey Young são apresentados 18 esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) considerados centrais na cognição humana (consulte tabela no final da página). Grosso modo, isso significa como sua percepção frente à realidade impede sua adaptação a ela mesma. Entenda mais sobre o conceito desses esquemas no texto anterior – clique aqui e leia.
Esses esquemas se encontram inseridos em cinco domínios relacionados com necessidades emocionais não satisfeitas:
a) Domínio de desconexão e rejeição: expectativa de que as necessidades de segurança, estabilidade, cuidado, aceitação, empatia e respeito não serão satisfeitas de maneira previsível, causando a incapacidade de formar vínculos seguros e satisfatórios com outras pessoas.
Características da família de origem (onde foi criado): fria, desligada, rejeitadora, isoladora, imprevisível ou abusadora.
Privação Emocional: expectativa do indivíduo de que seu desejo de conexão emocional não será satisfeito adequadamente; inclui-se as seguintes formas de privação:
1- privação de cuidado: ausência de atenção, afeto, carinho ou companheirismo);

2- privação de empatia: ausência de compreensão, escuta, postura aberta, comprometimento mútuo de sentimentos;

3- privação de proteção: ausência de força, direção ou orientação por parte de outros.
Abandono/instabilidade: percepção de que os outros com quem poderia se relacionar são instáveis e indignos de confiança. Envolve a sensação de que pessoas significativas não serão capazes de continuar proporcionando apoio emocional, ligação, força ou proteção porque seriam emocionalmente instáveis e imprevisíveis (por ex. teriam acessos de raiva), não mereceriam confiança ou porque poderiam a qualquer momento abandonar ou não estarem presentes quando se precisasse delas.
Desconfiança/abuso: convicção de que as pessoas irão usá-los para fins egoístas
(abusarão, machucarão, magoarão, humilharão, mentirão, enganarão ou manipularão ou se aproveitarão). Geralmente, envolve a percepção de que o prejuízo é intencional ou resultado de negligência injustificada ou extrema. Pode incluir a sensação de que sempre se acaba sendo enganado por outros ou “levando a pior”.
Isolamento social/alienação: sentimento de que se está isolado do mundo, de que se é diferente, de não se adequar ou não pertencer a quaisquer grupos ou comunidades.

Defectividade/vergonha: sentimento de que é defectivo (está sempre devendo), falho, mau, indesejado, inferior ou inválido em aspectos importantes. Logo, não seria digno de receber amor, caso se expusesse. Pode envolver hipersensibilidade à crítica, rejeição e postura acusatória; constrangimento, comparações e insegurança quando se está junto de outros, ou vergonha dos defeitos percebidos. Essas falhas/defeitos podem ser privadas (como egoísmo, impulsos de raiva, desejos sexuais inaceitáveis) ou públicas (como aparência física indesejável, inadequação social).
b) Domínio de autonomia e desempenho prejudicados: expectativa de pouca capacidade de sobreviver e funcionar de forma independente e satisfatória. Dificuldade na separação com a família de origem.
Características da família de origem: superprotetora, emaranhada, destruidora da confiança da criança; não consegue reforçar a criança a ter um desempenho competente fora da família.
Fracasso: crenças de fracasso (fracassou ou fracassará) e de inadequação em relação
aos seus pares em conquistas acadêmicas, ocupacionais, esportivas, entre outras. Costuma envolver a crença de que se é burro, inapto, sem talento, ignorante, inferior, menos bem-sucedido, etc. do que os outros.

Dependência/incompetência: crença de que é incapaz de exercer as responsabilidades do dia a dia de uma maneira competente, sem a ajuda dos outros (por ex: cuidar de si mesmo, resolver problemas cotidianos, exercer a capacidade de discernimento, cumprir novas tarefas, tomar decisões adequadas). Apresenta-se frequentemente como desamparo.

Vulnerabilidade ao dano ou à doença: medo excessivo relacionado com catástrofes iminentes que cairão sobre si sem chances de impedir a ocorrência e sem capacidade para lidar com ela.

O medo se dirige a um ou mais dos seguintes:

(A) catástrofes em termos de saúde (ataque cardíaco, AIDS, etc.);

(B) catástrofes emocionais (ex: enlouquecer);

(C) catástrofes externas (queda de elevadores, ataques criminoso, desastres de avião, terremotos).

Emaranhamento/ego subdesenvolvido: necessidade de envolvimento emocional excessivo com uma ou mais pessoas importantes em sua vida comprometendo a individuação e desenvolvimento social normal. Muitas vezes, envolve a crença de que pelo menos uma das pessoas emaranhadas não pode viver, funcionar bem ou ser feliz sem o constante apoio dos outros. Pode também incluir sentimentos de ser sufocado ou fundido com outra(s) pessoa(s) e de não ter uma identidade individual suficiente. Com freqüência, é vivenciado como sentimento de vazio e fracasso totais, de não haver direção e, em casos extremos, de questionar a própria existência.
c) Domínio de limites prejudicados: deficiência nos limites internos, carência de desenvolvimento interno em relação à reciprocidade ou autodisciplina, apresentando dificuldades de respeitar terceiros, cooperar, manter compromissos, cumprir objetivos de longo prazo, restringir impulsos e postergar gratificações em função de benefícios futuros.

Características da família de origem: permissividade, falta de direção, senso de permissividade, excesso de indulgência.
Merecimento/arrogância/grandiosidade: crença de superioridade em relação aos outros de que é merecedor de direitos e privilégios especiais, não se sentindo submetidos às regras de reciprocidade que guiam a interação social normal. Insistência em se ter ou fazer o que se quer independente do que isso custe aos outros. Envolve o foco exagerado na superioridade (estar entre os mais bem-sucedidos, famosos, ricos) para atingir poder ou controle (e não necessariamente para obter aprovação ou atenção). Às vezes competitividade excessiva ou dominação: afirmar o próprio poder, forçar o próprio ponto de vista ou controlar o comportamento de outros segundo os próprios desejos, sem empatia ou preocupação com as necessidades ou desejos dos outros.

Autocontrole/autodisciplina insuficientes: dificuldade ou recusa em exercer autocontrole e tolerância à frustração com relação aos próprios objetivos. Dificuldade em limitar a expressão excessiva de emoções e impulsos. Em sua forma mais leve, a pessoa apresenta ênfase exagerada na evitação de desconforto: evitando dor, conflito, confrontação e responsabilidade, às custas da realização pessoal, comprometimento ou integridade.
d) Domínio de direcionamento para o outro: foco excessivo nos desejos, sentimentos dos outros, comprometendo às suas próprias necessidades, visando obter aprovação, conexão emocional e evitar retaliação, não tendo muitas vezes consciência de sua própria raiva e preferências.

Características da família de origem: aceitação condicional (sob certas condições), onde as crianças devem suprimir aspectos importantes de si próprio e de seus desejos para obterem amor, aceitação social ou status. As vontades dos pais são mais importantes que os desejos e necessidades das crianças.
Subjugação (ato de se submeter): excessiva submissão ao controle dos outros por sentir-se coagido e por perceber as próprias necessidades e sentimentos como não válidos ou importantes para o outro. Submetendo-se para evitar a raiva, a retaliação e o abandono; as principais formas são subjugação de necessidades (supressão das próprias preferências, decisões, desejos e opiniões) e subjugação das emoções (supressão de emoções, principalmente a raiva). Apresenta-se como obediência excessiva, combinada com hipersensibilidade a sentir-se preso. Costuma levar a aumento da raiva, manifestada em sintomas desadaptativos (por ex: comportamento passivo-agressivo, explosões de descontrole, sintomas psicossomáticos, uso excessivo de álcool ou drogas).

Autossacrifício: cumprimento voluntário das necessidades alheias à custa da própria gratificação visando poupar os outros de sofrimento, evitar culpa de se sentir egoísta, ganhar autoestima ou manter relação com quem considera carente; com frequência resulta de sensibilidade intensa ao sofrimento de terceiros. Às vezes, leva a uma sensação de que as próprias necessidades não estão sendo adequadamente satisfeitas e ao ressentimento em relação àqueles que estão sendo cuidados.

Busca de aprovação/reconhecimento: ênfase excessiva na obtenção de aprovação,
reconhecimento ou atenção dos outros ou no próprio enquadramento, comprometendo o desenvolvimento seguro e verdadeiro do próprio self ( o eu). A autoestima depende principalmente das reações alheias, em lugar das próprias inclinações naturais. Por vezes, inclui uma ênfase exagerada em status, aparência, aceitação social, dinheiro ou realizações como forma de obter aprovação, admiração ou atenção (não tanto em função de poder e controle). Com frequência, resulta em importantes decisões não autênticas nem satisfatórias, ou em hipersensibilidade à rejeição.
e) Domínio de supervigilância e inibição: supressão de sentimentos e impulsos espontâneos com esforços no cumprimento de regras rígidas internalizadas em relação ao próprio desempenho, às custas da autoexpressão, felicidade, relacionamentos íntimos e qualidade de vida. Ênfase excessiva no controle dos impulsos, diminuição da espontaneidade. Há uma preocupação de que as coisas irão desabar se houver falha na vigilância.
Características da família de origem: severa, exigente, punitiva, perfeccionista (escondendo emoções e evitando erros), propensão ao pessimismo e a preocupações de que as coisas não vão dar certo.
Negativismo/pessimismo: foco generalizado, duradouro e exagerado nos aspectos negativos da vida (sofrimento, morte, perda, decepção, culpa, ressentimentos, erros, traição, problemas) em detrimento de minimização ou negligência dos aspectos positivos ou otimistas. Costuma incluir uma expectativa exagerada – uma ampla gama de situações profissionais, financeiras, interperssoais – de que algo vai acabar dando muito errado, mesmo que todas as evidências demonstrem o contrário. Envolve um medo exagerado de cometer erros que podem levar a colapso financeiro, perda, humilhação ou a se ver preso em uma situação ruim. Como exageram os resultados negativos potenciais, essas pessoas costumam se caracterizar por preocupação, vigilância, queixas ou indecisões crônicas.

- Inibição emocional: excessiva inibição da ação, sentimentos, comunicação espontânea visando evitar desaprovação alheia, sentimentos de vergonha ou de perda do controle dos próprios impulsos.

As áreas mais comuns da inibição envolvem: inibição da raiva e da agressão; inibição de impulsos positivos (por ex. alegria, afeto, excitação sexual, brincadeira); dificuldade de manifestar vulnerabilidades ou comunicar livremente seus sentimentos e necessidades; excessiva racionalidade, ao mesmo tempo em que se desconsideram emoções.

Padrões inflexíveis/postura crítica exagerada: crença de que grande esforço deve ser empreendido na obtenção de elevados padrões internos de comportamento e desempenho para evitar críticas, o que repercute em sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si e aos outros. Costuma resultar em sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e em posturas criticas exageradas com relação a si mesmo e a outros. Deve envolver importante prejuízo do prazer, do relaxamento, da saúde, da autoestima, da sensação de realização ou de relacionamentos satisfatórios.

Os padrões inflexíveis geralmente se apresentam como: perfeccionismo - atenção exagerada a detalhes ou subestimação de quão bom é seu desempenho em relação à norma; regras rígidas e ideias de como as coisas “deveriam” ser em muitas áreas da vida, incluindo preceitos morais, éticos culturais e religiosos elevados, fora da realidade; preocupação com tempo e eficiência, necessidade de fazer sempre mais do que se faz.
Caráter punitivo: convicção de que os indivíduos deveriam ser severamente punidos pelos erros que cometem, implicando em tendência a estar com raiva, ser intolerante e impaciente com as pessoas e consigo próprio quando não correspondem às suas expectativas ou padrões. Via de regra, inclui dificuldades de perdoar os próprios erros, bem como os alheios.
DomíniosEsquemas iniciais desadaptativos
 Desconexão e rejeição1. Abandono/instabilidade 4. Defectividade/vergonha
2. Desconfiança/abuso 5. Isolamento social/alienação
3. Privação emocional
 Autonomia e desempenho prejudicados6. Dependência/incompetência 9. Fracasso
7. Vulnerabilidade
8. Emaranhamento/ego subdesenvolvido
 Limites prejudicados10. Merecimento/arrogo/grandiosidade
11. Autocontrole/autodisciplina insuficientes
 Orientação para o outro12. Subjugação
13. Autossacrifício
14. Busca de aprovação/reconhecimento
 Supervigilância e inibição15. Negativismo/pessimismo 18. Caráter punitivo
16. Inibição emocional
17. Padrões inflexíveis/crítica exagerada


Fonte: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/comportamentos_disfuncionais01.htm

Hipnose e Terapia Cognitivo Comportamental

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