terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O que é e para que serve a Terapia Cognitivo-Comportamental?

A terapia cognitivo-comportamental é focada no presente e orientada para a resolução de problemas (problemas atuais). Nela aprende-se habilidades específicas que podem ser usadas para o resto da vida, afinal visam a identificação dos pensamentos distorcidos, modificar crenças e mudar comportamentos. A eliminação dos sintomas se dá por meio de técnicas cognitivas e comportamentais.
De acordo com a Terapia Cognitiva os indivíduos atribuem significado a acontecimentos, pessoas, sentimentos e demais aspectos de sua vida, com base nisso comportam-se de determinada maneira e constroem diferentes hipóteses sobre o futuro e sobre sua própria identidade. As pessoas reagem de formas variadas a uma situação específica podendo chegar a conclusões também variadas.

O mundo é considerado como constituinte de uma série de eventos que podem ser classificados como neutros, positivos e negativos, no entanto a avaliação cognitiva que o sujeito faz destes acontecimentos é o que determina o tipo de resposta que será dada na forma de sentimentos e comportamentos.

O ponto de partida do tratamento é a fonte de sofrimento do cliente, ou seja, a partir das distorções que estão ocorrendo na forma do sujeito avaliar a si mesmo e ao mundo. Denominam-se “esquemas” a base para a avaliação das experiências. As estruturas cognitivas organizam-se em níveis nos quais os esquemas encontram-se no núcleo. Durante a terapia procura-se explorar cada um destes níveis de organização, partindo dos pensamentos automáticos até chegar ao sistema de crenças do sujeito. Então as crenças são testadas a partir de argumentos e propostas de exercícios que o paciente realizará durante a terapia e em demais contextos.

Um dos objetivos da TCC é corrigir as distorções cognitivas que estão gerando problemas ao indivíduo e fazer com que este desenvolva meios eficazes para enfrentá-los. Para tanto são utilizadas técnicas cognitivas que buscam identificar os pensamentos automáticos, testar estes pensamentos e substituir as distorções cognitivas. As técnicas comportamentais são empregadas para modificar condutas inadequadas relacionadas com o transtorno psiquiátrico em questão.

O processo de coleta de dados a respeito de uma pessoa inicia-se normalmente com uma série de entrevistas posteriormente complementadas com instrumentos padronizados de avaliação e medida.

O terapeuta deve procurar formas de, durante as entrevistas iniciais, poder ir identificando ou, pelo menos, levantando hipóteses sobre quais são os problemas atuais, como se desenvolveram e como são mantidos; que pensamentos e crenças disfuncionais estão associados a estas situações e quais são as reações emocionais, fisiológicas e comportamentais relacionadas ao pensamento; que experiências passadas contribuem para seu problema atual; que regras ou suposições podem estar subjacentes ao pensamento; que estratégias – cognitivas, afetivas e comportamentais – têm sido utilizadas para lidar com as crenças disfuncionais; e que eventos estressores contribuíram para o surgimento do problema ou inibiram o funcionamento das estratégias adaptativas.

Investigação Cognitiva
· História de Vida
· Origem e Desenvolvimento das Crenças
· Crenças Centrais e Intermediárias
· Que experiências contribuíram para o desenvolvimento e manutenção da crença central?
· Qual é a crença mais central sobre si mesmo?
· Que suposição positiva o ajudou a lidar com a crença central?
· Qual é a contraparte negativa para essa suposição?
· Estratégias Comportamentais
· Que comportamentos o ajudam a lidar com a crença?
· O que o cliente fez então?
· Lista de Problemas
· Fatores Precipitantes e Situações Ativadoras
· Medidas Padronizadas e Complementares
· Hipóteses Diagnósticas e de Trabalho
· Metas e Intervenções

A visão teórica sobre certas características da personalidade e da conduta e sobre seus distúrbios separa a abordagem racional-emotiva, no referente a pontos significativos, da teoria subjacente à maior parte das outras abordagens à psicoterapia.
Definida como "pensamento e comportamento irracionais", a neurose é um estado natural do homem, que aflige a todos em certo grau. Este estado encontra-se profundamente inquietado, simplesmente porque somos seres humanos e vivemos com outros seres humanos, em sociedade.
Os fenômenos psicopatológicos são originalmente aprendidos e agravados pela inscrição de crenças irracionais dos outros significativos durante a infância. No entanto, nós mesmos reincutimos as falsas crenças de forma ativa, por meio de processos de auto-sugestão e auto-repetição. Assim, deve-se em grande parte à nossa própria repetição de pensamentos irracionais, objeto de reedoutrinação precoce, mais do que à repetição por parte dos pais, o fato de se manterem vivas e atuantes, dentro de nós, atitudes disfuncionais.
A terapia argumenta que as pessoas não necessitam ser aceitas e amadas, muito embora isto seja algo a desejar. O terapeuta ensina ao cliente a maneira de não se sentir ferido, mesmo quando não é aceito e amado pelos outros significativos. Ainda que permitindo às pessoas se sentirem tristes por não serem aceitas, a terapia tenta auxiliá-las a encontrar formas de superar todas as manifestações intensas de depressão, dor, desvalorização e ódio.
A terapia formula a hipótese de que, em razão de sermos criados dentro da sociedade, tendemos a nos tornar vítimas de idéias sem fundamento, tendemos a continuar a nossa própria reendoutrinação incessante com essas idéias, de uma forma impensada e auto-sugestiva, mantendo-as consequentemente atuantes em nosso comportamento manifesto. Algumas das principais idéias irracionais por nós internalizadas e que conduzem inevitavelmente à uma vida autoderrotiva são as seguintes:
· A idéia de que o ser humano adulto tem uma necessidade terrível de ser amado ou aprovado virtualmente por toda outra pessoa significativa de sua comunidade;
· A idéia segundo a qual é preciso ser totalmente competente, adequado e bem-sucedido quanto a todos os aspectos possíveis, caso o indivíduo queira considerar-se alguém de valor;
· A idéia de que certas pessoas são más, perversas e infames e deveriam ser severamente acusadas e punidas por sua maldade;
· A idéia de ser mais fácil evitar certas dificuldades da vida e responsabilidades próprias, do que enfrentá-las;
· A idéia de uma situação de pavor e catástrofe quando as coisas não ocorrem como as gostaria realmente que ocorressem;
· A idéia de que a infelicidade humana decorre de causas externas e as pessoas possuem pouca ou nenhuma capacidade para controlar seus sofrimentos e perturbações;
· A idéia de ser a história passada um importante fator determinante do comportamento presente e de que, pelo fato de alguma coisa certa vez ter afetado muito a vida de alguém, deverá ter efeitos semelhantes indefinidamente.

Atuação da TCC:
· Consegue fazer com que o cliente se defina quanto a algumas idéias irracionais de base, as quais motivam uma grande soma de comportamento perturbado;
· Desafia os clientes a validarem suas idéias;
· Demonstra aos clientes a natureza ilógica de seu pensamento;
· Usa uma análise lógica para restringir as crenças irracionais dos clientes;
· Mostra como tais crenças são inoperantes e como levarão a futuros distúrbios emocionais e comportamentais;
· Explica de que maneira essas idéias podem ser substituídas por idéias mais racionais;
· Ensina aos clientes como aplicar a abordagem científica ao seu pensamento, a fim de poderem observar e minimizar idéias irracionais presentes e futuras.
O papel do cliente é em muito semelhante ao de um aluno, ou aprendiz. A psicoterapia é encarada como um processo de reeducação, através do qual o cliente aprende a aplicar o pensamento lógico à solução de problemas.
O processo terapêutico tem seu foco na experiência presente do cliente, no aqui-e-agora e à capacidade atual do cliente para mudar os padrões de pensamento e emotividade precocemente adquiridos por ele. O terapeuta não dedica seu tempo à exploração da história primitiva do cliente, nem ao estabelecimento de conexões entre o passado e o comportamento presente do mesmo. Também não pesquisa em profundidade as relações do cliente com seus pais ou irmãos. Em lugar disso, o processo terapêutico ressalta que, não obstante e sua filosofia básica irracional de vida, encontra-se no momento perturbado, porque ainda acredita em seus pontos de vista autoderrotistas sobre si mesmo e sobre seu mundo. Têm importância secundária questões acerca de quando, por que e como adquiriu tal filosofia irracional. A questão central está no como o cliente pode torna-se consciente de suas mensagens autoderrotistas e colocá-las em discussão. Geralmente os clientes apresentarão melhoras, mesmo se nunca chegarem a compreender a origem e desenvolvimento de seus problemas.
Uma experiência central para o cliente, na terapia, é a de alcançar insight. A terapia supõe que a aquisição de insight emocional sobre as fontes dos distúrbios constitui um elemento crucial do processo terapêutico. O insight emocional constitui o conhecimento ou visão do paciente sobre as causas de seus problemas, assim como o trabalho, feito com determinação e energia, para aplicar este conhecimento à solução dos mesmos problemas. Desse modo, a terapia valoriza a interpretação enquanto instrumento terapêutico.
A questão da relação pessoal entre terapeuta e cliente assume, na terapia um sentido diferente daquele encontrado na maior parte das outras formas de terapia. Têm importância a afeição, o calor pessoal e uma boa relação entre terapeuta e cliente. Os praticantes da terapia tendem a ser informais e a se assumirem como pessoas. São ativos e diretivos em alto grau e, muitas vezes, declaram suas posições sem hesitação. A terapia dá ênfase à importância do terapeuta enquanto modelo para seus clientes.

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