sábado, 19 de setembro de 2020

Setembro Amarelo: Dados Sobre Tentativas e Mortes Por Suicidio

            Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-V) o comportamento suicida inclui o suicídio consumado (um ato intencional de autoagressão que resulta em morte) e a tentativa de suicídio (um ato de autoagressão cuja intenção é a morte, que acaba não ocorrendo. Uma tentativa de suicídio pode ou não resultar em lesão). Pensamentos e planos suicidas são chamados de ideação suicida.
 
                O Movimento Setembro Amarelo é uma campanha brasileira com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre os problemas relacionados ao suicídio e sua prevenção. Foi criada em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida, CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). É importante lembrar que dados da OMS de suicídios, sao números e não representam a totalidade de tentativas de suicídio, pois, para cada suicídio que ocorre, estima-se que três outras tentativas são feitas, assim, muitas delas não se concluem.
 
                    A automutilação não suicida é também um ato de autoagressão que não tem o intuito de resultar em morte. Tais atos incluem a realização de arranhões nos braços, queimar a si mesmo com um cigarro e tomar uma dose excessiva de vitaminas. A automutilação não suicida pode ser uma maneira de reduzir a tensão ou pode ser um pedido de ajuda por parte de pessoas que ainda têm vontade de viver. Esses atos não devem ser menosprezados.

                   Informações sobre a taxa de suicídios são dadas, principalmente, por certidões de óbito e por investigações judiciais. A taxa real é provavelmente subestimada. Ainda assim, o comportamento suicida é um problema de saúde pública muito comum. O comportamento suicida ocorre em homens e mulheres de todas as idades, raças, crenças, níveis socioeconômicos e acadêmicos, e orientações sexuais. Não existe um perfil típico do suicida.   

                   As pesquisas são claras, e apontam que a taxa de suicídio entre homens no Brasil pode chegar a ser três ou quatro vezes maior que das mulheres, dependendo da região e de outros fatores. Isso faz com que, do total de mortes registradas por suicídios, cerca de 75% seja de homens.

               As tentativas de suicídio são maiores em mulheres, contudo os homens escolhem métodos mais violentos e letais para suas tentantivas, diminuindo as chances de se salvarem.  Além disso, evitam buscar ajuda, seja de psicólogos ou psiquiatras. Estima-se que mulheres costumam se recuperar psicologicamente mais rápido do que os homens, pois buscam ajuda de familiares e amigos. 
 
            Ainda existe o tabu de que os homens tem que ser fortes e evitar demonstrar emoções que indiquem sensibilidade. A busca por ajuda pode ser vista como inabilidade de lidar com seus próprios problemas e sua vida. Isso cria uma contradição com a norma social sobre como homens devem ser, sobre como homens devem agir ou se portar socialmente. Os homens também são vítimas do  conceito de masculinidade. Precisa seguir um padrão que já é previamente estabelecido, criando expectativas estritamente iguais em seres humanos completamente diferentes e individualmente complexos demais para serem enquadrados em qualquer tipo de padrão social. É impossível dizer que isso, por si só, é o que gera a superioridade numérica de suicídios nos homens, pois, como já vimos, o problema é complexo, e também é preciso levar o fator bioquímico em consideração. De qualquer forma, é válida a reflexão e a análise, já que especialistas no tema estão chegando a essas conclusões.


        Estima-se que expectativa de vida de pessoas que cometem tentativa de suicídio é significativamente menor. A maior parte dessa redução na expectava de vida parece resultar de distúrbios físicos em vez do suicídio consumado que ocorre posteriormente. Aproximadamente uma em cada seis pessoas que cometem suicídio deixam um bilhete que, às vezes, dá pistas para as razões para essa atitude.

Os comportamentos suicidas geralmente resultam da interação de vários fatores.



Alguns fatores de risco para o suicídio, segundo o DSM (V):

  • Ser do sexo masculino

  • Dor crônica ou doença incapacitante

  • Ser solitário

  • Crises econômicas ou dívidas

  • Luto ou perda

  • Humilhação ou desonra

  • Comportamento agressivo ou impulsivo

  • Depressão, especialmente quando acompanhada por ansiedade

  • Internação hospitalar recente devido a depressão

  • A maioria dos outros transtornos mentais, como transtornos de personalidade

  • Histórico de abuso de drogas ou álcool

  • Histórico de tentativas prévias de suicídio

  • Histórico de suicídio ou transtornos mentais na família

  • Experiências traumáticas na infância, incluindo abuso físico ou sexual

  • Planos suicidas bem definidos

            A escolha do método normalmente é influenciada por fatores culturais e pelos meios disponíveis para cometer suicídio. Ele pode ou não refletir a seriedade da intenção. Alguns métodos (por exemplo, saltar de um edifício alto) implicam que seja praticamente impossível sobreviver, ao passo que outros métodos (como a superdosagem de medicamentos) deixam em aberto a possibilidade de socorro. Contudo, mesmo que uma pessoa utilize um método que não seja fatal, a intenção pode ter sido tão séria quanto a de uma pessoa que utilizou um método fatal.

Mais frequentemente, as tentativas de suicídio envolvem superdosagem de medicamentos e autoenvenenamento. Métodos violentos, como disparo de armas ou enforcamento, são pouco comuns nas tentativas de suicídio, pois normalmente resultam em morte.

A maioria dos suicídios consumados envolve o uso de armas de fogo. Homens usam esse método com mais frequência que as mulheres. Outros métodos incluem enforcamento, envenenamento, pular de grande altura e cortar-se. Alguns métodos, como dirigir um carro para jogar-se de um despenhadeiro, pode colocar outras pessoas em perigo. O envenenamento é responsável por aproximadamente 30% dos suicídios consumados ao redor do mundo.

O suicídio assistido ou eutanásia é um tema polêmico e proibido na maior parte do mundo. O auxílio do médico na morte refere-se à assistência fornecida por médicos a pessoas que desejam terminar suas vidas, devido a uma condição médica geral, onde não há cura para a sua doença ou por ser um doente terminal. Isso é muito controverso, pois contraria o objetivo usual do médico, que é preservar a vida. No entanto, auxílio do médico para morrer é legal em alguns Estados dos EUA, na Suíça, Alemanha, Japão e Canadá. No restante dos países os médicos podem proporcionar um tratamento para minimizar o sofrimento físico e emocional, mas não podem acelerar a morte intencionalmente. 
 
Fontes:  Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

Conselho Federal de Psicologia Conselho Federal de Psicologia, O suicídio e os desafios para a psicologia. Brasília: CFP. Acesso em 28 de outubro de 2015 em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Suicidio-FINAL-revisao61.pdf.



 

Hipnose e Terapia Cognitivo Comportamental

Há comprovação científica de que a hipnose pode potencializar a terapia cognitivo-comportamental (TCC) em psicoterapia. A TCC se concentra...